Questão bastante polêmica e ainda controvertida no universo
educacional refere-se à colocação de câmeras de vídeo em salas de aula a fim de
se monitorar as ações praticadas por alunos e professores, haja vista que tal
medida, considerada extremada por muitos, encontra ferrenhos defensores, bem
como acalorados detratores também...
Nesse conflito de direitos alega-se, por um lado, que a
instalação de câmeras propicia um comportamento estudantil mais adequado e, por
assim dizer, mais respeitoso às boas regras de convivência buscadas pela
escola. Outrossim, de outro lado, as críticas efetivam-se no sentido de que
essa “padronização” comportamental pretendida pelas instituições contraria, por
completo, a formação de cidadãos através da aquisição de conhecimento por meio
de diálogo, respeito à diversidade, atitude crítica e edificada em princípios
éticos e de solidariedade, etc.
O assunto ganhou, recentemente, ainda mais amplitude e fora
noticiado, pelos mais diversos canais de mídia, devido à manifestação coletiva
de alunos de um renomado colégio paulistano, que foram surpreendidos com tais
câmeras em sala de aula e então uniram-se num barulhento protesto em prol de
seus pretensos direitos. Além disso, outras tradicionais instituições
educacionais de Brasília também aderiram a tal prática na busca por uma maior
segurança e controle de tais atividades educacionais por ela ministradas com
regularidade.
Como se vê, a discussão é de uma complexidade tamanha, e
conforme a ótica analisada, há argumentos reais e sólidos o bastante para a elevarmos
a outros patamares, mas é preciso refletirmos, acima de tudo, sobre a
autoridade exercida pelo professor em sala de aula, eis que esta deve sempre
prevalecer, sendo totalmente equivocado o pensamento que intenta substituí-la
por câmeras de segurança ou qualquer outro meio eletrônico de controle de ações
de uma determinada comunidade vigiada, seja ela qual for.
O fato é que com a adoção de câmeras, instaura-se uma
espécie de força que se limita a controlar a ação no espaço físico, como bem
disse, sobre o assunto, o Prof. Rizzatto Nunes. Perde-se, pois, a oportunidade
de educar verdadeiramente, melhor preparando alunos para o convívio social e
atribuindo-lhes, para tanto, responsabilidades essenciais nesse processo
evolutivo de educação.
A autonomia e a verdadeira liberdade de expressão não surgem
num sistema de imposição de ordem e de obediência vigiada. Em verdade, os
alunos devem ser convidados a pensar juntos sobre o real significado e
importância de se construir uma sociedade mais respeitosa, justa e com práticas
mais saudáveis, sentindo-se, portanto, agentes dessa mudança buscada. E, nesse
sentido, até mesmo a instalação de câmeras de segurança enquanto instrumento de
maior controle e proteção daquela instituição deve ser trabalhada como algo
benéfico a todos, numa aquisição negociada e bem problematizada naquele
contexto de aprendizagem, incutindo nesses alunos a certeza de que o objetivo
maior não é tratá-los como robôs, mas sim, assegurar-lhes uma estada mais
segura e, portanto, mais proveitosa, naquele referido educandário.